sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Porque conhecer o Peru é muito mais que conhecer apenas um país!

Boa noite meus estimados leitores! Ou boa "hora do dia que seja" em que você estiver lendo isso =). Com esse finzinho do meu último ano na faculdade, estou vivendo uma expectativa brutal sobre o que vai ser da minha vida ano que vem...  Bom, mas o lado bom é que enquanto espero por resultados de entrevistas, o tempo sobra para escrever outro post! E é um post que considero um dos mais importantes de todo o blog: as três principais regiões do Peru.

Se você leu o primeiro post, talvez ainda lembre que eu disse que a maior parte da cultura do Peru não é andina, embora ela exista e seja forte. Na verdade, o que acontece é que qualquer peruano que você conheça, dificilmente vai ter facilidade para explicar seu país se não falar sobre as três principais regiões: a serra, a selva e a costa.



Antes que você pense que darei agora uma aula de geografia, falando sobre relevo, clima, etc., já vou quebrar a expectativa, e contar que vejo essa divisão como algo muito mais que geográfico. Uma das coisas mais interessantes que aprendi nas vezes que estive no exterior, é que a cultura de um povo tem tudo haver com os recursos de que ele se dispõe. E no Peru, é realmente incrível a diferença de recursos nestes três pontos. Então, acaba sendo surpreendente também para qualquer um que vá ao país buscando pela cultura peruana, encontrar não uma, mas várias culturas peruanas!

Sem exagero: para quem gosta de diversidade, o Peru é uma das melhores opções que conheço. É muito diferente de quando nós falamos de cultura nordestina, cultura do sul e coisas assim, pois o que encontramos nessas três regiões é uma distinção muito maior! Não são apenas pratos diferentes, mas pratos preparados de maneiras diferente, e não são apenas artes diferentes, mas sentimentos diferentes que elas expressam. E o melhor disso tudo, é que o acesso à toda essa diferença por lá é muito fácil!

Bom, falando um pouco mais das regiões então...


Costa:

Costa, para mim, é sinônimo de praia. Então pense como um morador de praia: qual é o jeito mais fácil de conseguir comida? Tirando do mar, claro. A culinária marinha peruana talvez seja a mais reconhecida das culinárias nacionais internacionalmente. É de lá que vem o prato mais tradicional peruano:

Ceviche (Prato para uma pessoa!)

e o drink que representa o país:

Pisco Sour

Devido à tal da Corrente de Humboldt, o Peru possui um mar rico em plâncton. E como dizia meu professor de geografia, plâncton atrai peixinhos, e peixinhos atraem peixões, presenteando o Peru com um farto número de opções para estabelecer sua culinária, opções estas que são muito bem aproveitadas. Vão desde pratos que lembram a culinária japonesa, como o ceviche (que é composto frutos do mar semi-crus), até a jalea, que é um prato de frutos do mar empanados e fritos.

A costa é também a região mais populosa do Peru, onde se encontra uns 60% de toda a população. E como o mar foi a porta de entrada das américas na antiguidade, é onde mais se misturam culturas também. Mas isso não matou culturas típicas, como a dança "Marinera", sempre com seu marcante lenço branco nas mãos, que é típica dessa região:



Por fim (por enquanto), como uma região rica em diversidade biológica, esta é uma região incrível para os amantes da natureza. Existem, até mesmo na capital Lima (que ao contrário do que muitos absurdamente pensam, não fica na altitude, mas na praia, ao nível do mar) passeios muito bonitos para conhecer parte da grande diversidade animal e vegetal da região:

(Passeio nas Ilhas Ballestas, onde se pode ver animais como 
os pinguins de Humboldt, leões marinhos e golfinhos)

Golfinhos em Paracas

Leões Marinhos em Paracas

A costa é, de fato, a região mais desenvolvida e industrializada do país. Algumas das principais cidades dela são:


Além disso, se estamos falando em praia, claro, estamos falando em diversão! Mas isso deixo para outro post, pois ainda temos mais 2 regiões para falar! ; )


Serra:

Para o Peru, se falamos em serra, falamos em Cordilheira dos Andes. Embora não seja a maior região em territórios nem a mais populosa, é a mais conhecida fora do país. Afinal, é a região onde habitavam os povos Incas, além de outras civilizações Pré-Incas (sim, a história do Peru começa muito antes dos Incas!).

Quando falamos em serra, falamos também de altitude. Pensando em recursos, é um lugar onde vivem animais que em geral são grandes e têm mais pelos, além de outras carcterísticas que os ajudem a suportar o frio na altitude. Então por lá, você encontrará animais como:

Ovelhas

Condor

Cuy

E claro, os animais conhecidos como "Camelos Peruanos":

Lhama 
(O mais, e tavez único, conhecido fora do Peru. Tem pêlo alto e até o pescoço)

Alpaca 
(Talvez você conheça. Seu pêlo é muito usado para produção têxtil)

Vicunha 
(Magrela e com pêlo nobre, quase foi caçada até a extinção)


Uma coisa que provavelmente você não sabe sobre a lhama é que ela não é feita para se montar. Ainda assim, já que tem gente que procura por isso, há quem venda passeios de lhama a turistas curiosos. Mas na verdade, ela é usada mesmo é como animal de carga. Em geral, os camelos peruanos são muito utilizados na indústria têxtil, e você pode ter duas certezas: se você já ganhou de presente um gorrinho do Peru (chullo), ele é feito com pelo de Alpaca. E se você ganhar algo feito com pelo de vicunha, com certeza custou muito caro, já que seu pêlo produz materias de qualidade muito alta, e por isso o animal foi já foi caçado até beirar a extinção, e hoje tem sua caça controlada.

Bom, a culinária da serra, portanto, é baseada nesses animais. Como já disse, cultura é uma questão de recursos. Então o que mais se come por aí são as carnes, como de cordeiro.

E, morra de dó, mas é algo extremamente nobre comer carne de...


E mais uma vez relacionando recursos à cultura, as civilizações que habitavam estas áreas, como os Incas, tinham como deuses as montanhas e vulcões (sendo que alguns desses vulcões ainda ativos). Algumas cidades, como Arequipa, foram construídas com pedras originadas do resfriamento de lava, o que caracteriza essas cidades como cidades brancas (pela cor dessas pedras).

E se falamos de música, é de lá que se originou a música andina, que é esse tipo de música que sempre se coloca em vídeos sobro o Peru. Mas lembre-se: é uma música folclórica, e não o que se escuta nos rádios e baladas todos os dias...

(Huaylas, dança onde um jovem corteja uma mulher, baseado em movimentos do chihuaco, uma ave local)

Em poucas palavras: é onde está Macchu Picchu, é onde se pode encontrar neve, é onde está o lago Titicaca, é onde nasce o Rio Amazonas, é onde viveu uma das civilizações mais avançadas da antiguidade, e é onde se encontra o maior suporte e investimento turístico do país.

Algumas das maiores cidades desta região são:


Selva:

Quando falamos em selva, falamos em floresta. Especialmente floresta amazônica. Lembre-se que Amazônia não termina na fronteira do Brasil, mas vai embora para a Colômbia, Peru, Venezuela, entre outros! Bom, e então o que temos aqui é a parte que corresponde ao Peru.

Igual acontece no Brasil, a selva é a maior parte do país em território, com 60% do total. Agora, o que não temos aqui é uma selva relativamente perto das capitais, e isso faz toda a diferença! Isso faz com que uma viagem de férias na selva seja bem mais viável, além de que o contato com esta cultura lá é bem maior!

A diversidade natural da região da selva, claro, é quase infinita. Daria para escrever um livro falando das diferentes espécies que existem por lá, fora as que não foram descobertas ou estudadas. Mas como muitas delas já são conhecidas nossas, como onça, bicho-preguiça e vitória-régia, destacarei só algumas:


Tucanos... diferentes!


"Gallito de Roca", animal utilizado em muitas situações como símbolo do Peru

Os peruanos em geral gostam muito de viajar para a selva, por seu povo receptivo, alta diversidade e clima agradável. Muito agradável por sinal, ao misturar o calor equatoriano com a sombra das árvoes e umidade das chuvas diárias.

Uma tarde em Iquitos...


E já que tudo depende dos recursos, temos nas comidas típicas temos geralmente carnes de galinha, que são animais fáceis de se criar por lá, além de muitos pratos feitos com banana, incluido com a casca dela:

Juane

Mas o tchãn mesmo das comidas de lá são os tempeiros locais, que dão um gosto único à esses pratos. Alguns deles são:

Cocona, um tipo de tomate local

Aji Charapita, uma pimenta típica

A vida nessa região é mais rudimentar, porém ainda não tanto quanto se imagina, por estar geograficamente mais perto da civilização que o resto da Amazônia em geral. As culturas inevitavelmente são mais parecidas com a dos índios que conhecemos, que tem como deuses a natureza e seus elementos. Em alguns lugares, se come até Suri (um tipo de larva de palmito) e Siqui Sapa (tipo de formiga), embora seja um pouco repudiante mesmo para os peruanos que não são da região. Mas quem visitar a região algum dia e tiver curiosidade, facilmente os encontrará para experimentar!

Para terminar, um pouco de dança típica da região da selva:



E as principais cidades:




(Bom, vou colocar abaixo novamente a foto das regiões, só para você não esquecer... =) )



Uma coisa que eu gostei muito no Peru é a facilidade de acesso que se tem à essas culturas tão distintas. Enquanto eu estava em Lima (costa), com apenas um trem (e um dia de viagem), já podia chegar à Huancayo (montanhas), e para chegar a Iquitos (selva), também é uma viagem relativamente curta e barata. Para que se entenda o que penso: embora o Brasil também tenha uma grande diversidade, eu descarto, por exemplo, a possibilidade de viajar até a Amazônia. Já no Peru, que a diversidade é condensada em um país não tão grande como o nosso, eu com certeza iria conhecer a Amazônia se tivesse tido mais tempo.

Bom, eu sei que o post ficou bem longo. Aliás, até pretendo começar a fazer posts mais curtos e com mais frequência. Mas, como eu disse, este é um post importante, pois através dele fica muito mais fácil entender melhor a cultura do Peru, e tudo que vou falar daqui pra frente. Você notará que, sem que eu diga, muitas coisas você associará automaticamente um assunto à  sua região. Mas o mais interessante disso tudo é quebrar mesmo o conceito que o Peru é um país em que todos vivem nas montanhas e tudo acontece lá, mas sem perder essa noção de que a região andina também é importante.


Acredite, apesar de ser um post grande, faltou muita coisa para falar de todas as regiões. Mas farei ainda posts exclusivos sobre cada uma delas! Também devo agregar que essas culturas anteriores são mais relacionadas às regiões geográficas e às raízes da civilização nativa, mas ainda existem outras relacionadas à colonização e imigração que falarei em outros posts. É como eu sempre digo: quanto mais você conhece o Peru, mais você nota o quanto falta você conhecer, e mais te dá vontade de conhecer o que falta!


¡Y que viva el Perú, carajo!

sábado, 20 de novembro de 2010

Porque lá o vôlei é mais que um esporte.

Estimados leitores, percebo que não vai ser tão fácil manter o ritmo que eu queria com a qualidade que exijo para este blog. Mas escrevo neste momento com uma certeza muito grande: adoro o "Por que Peru?", e não o abandonarei tão cedo assim! E sem perder mais tempo, já que eu mesmo já estava ansioso para o próximo post, vou falar de algo que faz parte totalmente da vida de um peruano: o vôlei feminino.

Eu sempre pensei em falar do vôlei só depois do futebol, que é a outra grande, ou melhor, GRANDE paixão nacional! Mas recentemente, vendo o último campeonato mundial de vôlei, levando em conta a participação da equipe e da torcida peruana... não consegui deixar o assunto para depois.

Nas madrugadas de, digamos... umas duas semanas atrás, eu via meus amigos do Peru postando no Facebook coisas como "Arriba Peru!" e "Vamos Peru, sí la haces!". E sabe por que? Por que no Peru, boa parte da população estava acordando no meio da madrugada para ver os jogos de vôlei da seleção peruana no mundial do Japão.

Muito diferente do que acontece no Brasil, o vôlei feminino é realmente uma paixão no Peru. Não se trata apenas de assistir, é muito mais do que isso. Fizeram até um jingle de apoio à seleção neste mundial:

(E eu me pergunto... o que fizemos pelo Brasil?)

Para os perdidos de plantão, neste último domingo foi a final do campeonato mundial de Vôlei (que para quem não sabe o Brasil perdeu para a Rússia na final). Infelizmente, muitas pessoas por aqui não tinham nem idéia disso, e mesmo você, caro leitor, provavelmente não saberia dizer o nome nem de três jogadoras da seleção brasileira. Mas enfim, deixo as comparações e reflexões para vocês, pois estamos aqui para falar do Peru!

Então... Quem foi o Peru no mundial? Bom, a verdade é que a equipe teve mesmo uma atuação um pouco apagada. Mas a torcida sim deu show, e se houvesse prêmio para a melhor torcida, eles seriam um forte concorrente. Afinal, não se encontra tão facilmente algum peruano que não tenha na ponta da língua nomes como...

Leyla Chihuán 
(A capitã, e a mais popular)


Jessenia Uceda 
(Que apesar dos baixos do passado, vive agora os altos momentos de sua carreira)

Karla Ortiz 
(recém ingressando a categoria principal com seus 18 aninhos)

e Elena Keldibekova 
(naturalizada do Cazaquistão)


E por que não foram tão bem? Bom, eu ainda acredito que tamanho no vôlei é algo que ajuda muito. E o Peru, como um país em que a estatura média das mulheres é 1,51 metros (contra os 1,62 m do Brasil por exemplo), invariavelmente têm dificuldades extras. Provavelmente, eles são mesmo a seleção mais baixa do mundial. Mas olha o que pensam os peruanos sobre isso:




O desempenho que essa seleção apresenta, na minha opinião, faz dela um mito. O "pouco" que conseguiram beira o improvável, e está claramente fundado em, como disse o vídeo,  não em lógica, mas sim garra (treinamento árduo e persistência), coragem (para enfrentar a lógica, e derrubar vários times que tem a estatura a seu favor) e um toque de irreverência (para apaixonar ainda mais seus torcedores). Ou seja, de fato, não são a seleção campeã. Mas temos muito o que aprender com eles.


(Afinal, não é bem mais difícil encarar uma equipe quando ela tem tanto apoio?)

Agora, para explicar de onde vem toda essa emoção, terei que falar um pouco de história...

Embora tenha chegado oficialmente no Peru em 1911, foi só em 1982 que as coisas começaram a mudar para o vôlei no país. Com a morte do então técnico da seleção, assumiu o sul-coreano...

Man Bok Park

Que de cara conseguiu nesse mesmo ano o segundo lugar no mundial realizado no Peru, e o quarto nas olimpíadas de Los Angeles, a primeira que participou depois que assumiu. Mas a verdadeira lenda, e o fato que mudou a história do esporte no país, foram os jogos olímpicos de Seul em 1988. A seleção peruana, nesse momento, era uma seleção que encantava a todos com sua agilidade e técnica.

Após passar facilmente da primeira fase (por sinal, dando um coro de 3 a 0 no Brasil), ganhou também de outras grandes, como a antiga adversária e soberana seleção norte-americana. Na final, então, já não havia nenhum peruano que seria louco suficiente para perder o duelo com a então União Soviética. Numa partida de tirar o fôlego até dos mais saudáveis pulmões, a seleção peruana chegou a fazer 2 sets a 0, mas infelizmente acabou perdendo pro 3 a 2, levando a medalha de prata.

Embora tenha acabado em derrota, esta olimpíada provou de vez que ganhar um jogo vai muito além do que é físico, e que muito pode ser feito quando se joga com o coração. Isso encheu os peruanos de orgulho e esperança, e talvez é o que mantém fiel e apaixonada a torcida peruana até hoje.

E é claro, tudo foi no mínimo épico. Rendeu até uma música:

(Que é na verdade a versão original do vídeo anterior da Telefônica)

Que, como me disseram, é entoada pelos peruanos nos jogos de vôlei como se fosse um hino, e até hoje faz recordar e encher a nação de orgulho ao lembrar dos jogos de 1988.

Além de conhecer a seleção atual de vôlei, muitos dos peruanos hoje (até mesmo os que não eram nascidos na época) têm na memória e no coração nomes como "Man Bok Park", que é o técnico anteriormente citado, e jogadoras como:


Gabriela Perez del Solar (Gaby)

Natalia Malaga

E também a inesquecível:

Cecilia Tait

Que era conhecida como "A canhota de ouro", que é sem dúvida uma da canhotas mais conhecida da história do vôlei mundial!


O retorno ao país da seleção nesse ano também foi inesquecível. Considerada a revelação DA OLIMPÍADA, as jogadoras e técnico da mesma foram condecoradas no Palácio do Governo (a Casa Branca do Peru) pelo presidente da república, em um evento que entupiu o trânsito nas ruas de tanta gente que quis estar lá para ver de perto e vibrar com a legendária seleção.


Sabe... quantas vezes após um jogo escuto a frase: "E daí? Se ganharam ou perderam, não fiquei mais rico nem mais pobre.". E é verdade, o Brasil ficou em segundo no mundial, e isso para nós não fez quase nenhuma diferença. Enquanto a seleção peruana, apenas por ter ido ao mundial, fez um país inteiro explodir de emoção. Talvez não é a vitória ou a derrota o que mais conta, mas sim, os fortes momentos de emoção que passamos, o sentimento de orgulho, os abraços que trocamos, os "hinos" que cantamos. Acredito mesmo que o que mais vale em uma vitória para nós torcedores não são os resultados, mas sim a felicidade que ela nos proporciona!

Então fica aqui meu pequeno apelo: vamos valorizar mais nossas conquistas!


P.D.: Muito obrigado à Guillermo Mendonza Garcia pela enorme colaboração para este post!

¡Y que viva el Perú, carajo!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Porque lá existem maiores que os maiores.

Olá novamente, singulares leitores! É de numa noite de aniversário em São Paulo que lhes escrevo este post! E já que se trata de uma ocasião especial, falarei hoje sobre algo grande...

Sim, grande! Digo, comercialmente grande, como:





O que isso tem haver com o Peru? Bom, um ponto é que são marcas que existem no Peru também, como você já deve imaginado. Tanto essas como outras famosas redes multinacionais, por exemplo Starbucks, Burger King, Chili's, Papa Johns, KFC, Dominos, Pizza Hut, T.G.I. Frydays, e por aí vai... Na verdade, uma coisa que surpreende qualquer brasilero mediano ao chegar lá é isso: o alto grau de internacionalização e modernidade, e como consequência, a presença de grandes marcas, algumas que por sinal não encontramos no Brasil.

Nesse ponto, é provável que se pergunte "Mas então, a cultura local de lá já foi suprimida?". E a resposta é: Absolutamente não. Mas falarei dessa coexisência entre moderno e tradicional em outro post, pois estou aqui agora para falar de três fenômenos, que se chamam "Bembos", "Inka Cola" e "AlaCena".



Primeiramente, Bembos.  O Bembos é uma rede de fast-food peruana, incrivelmente moderna e bem frequentada. E dentro do Peru, vende mais que qualquer outra rede, o que inclui McDonald's e Burger King. E se você acha que é por algum diferencial de preço, se engana: os lanches do Bembos São mais caros!
(Sendo "S. /" a representação da moeda local, "Nuevo Sol")


(Ou seja, preço do Big Mac: S./ 8.39)

Então, qual o diferencial? Eu diria que o gosto. Alguns dos ingredientes que utilizam para preparar os hambúrgueres são ingredientes que se encontra apenas no país, o que confere a seus lanches um gosto diferenciado e nacional! Se são melhores mesmo que os Mc's por aí, depende do quanto você gosta desses ingredientes locais... Então para mim, é claro, são melhores! =)

(Acreditem, o ambiente é muito moderno! Aliás, a foto das pessoas do primeiro post do blog é em um Bembos)





Agora, a famosa Inca Kola... se você conhece alguém que já foi para o Peru, com certeza já ouviu falar dela. É um refrigerante estranho à primeira vista, com uma aparência um pouco suspeita... 


Mas por trás dessa aparência de você sabe o que, existe uma bebida que durante décadas vem incomodando a Coca-Cola. E sim, é mesmo um refrigerante saboroso! E sua fama também vem de algo cultural.

Em um cinema, não vai ser tão comum encontrar alguém tomando algo diferente de Coca. Mas mas se for um restaurante de comida típica do país, aí nenhum refrigerante que não seja nacional tem vez nos pedidos. E a Inca Kola, com seu gosto parecido com guaranás do tipo "Itubaína", definitivamente domina esse mercado. Restou então ao "The Coca Cola Company" fazer ofertas apelativas para comprar a marca, que ainda resistiu por um tempo, mas acabou com 50% da empresa vendida.






Por último, mas não menos interessante, vem o caso da AlaCena. Quando estive nos Estados Unidos, achei curioso o logo "The Real Mayonnaise", que antes ingenuamente pensava que era um marketing apenas no Brasil.


Mas no Peru, não foi algo que encontrei. Não o logo, mas a marca toda mesmo! Tá, em algum lugar aqui ou ali eu acabei vendo o produto da Unilever sim, mas o fato é que não se pode comparar a venda da Helmann's com a da AlaCena no Peru. E essa eu digo sem medo: AlaCena ganha pelo sabor.

Na verdade, ela vem de uma receita caseira, que já vencia qualquer concorrência antes de ter virado marca. Ainda hoje, para as classes mais pobres, a receita caseira é muito utilizada. Mas quem pode comprar maionese industrializada, muito provavelmente vai comprar AlaCena. E além de estar presente em 3 de cada 5 lares, essa é a maionese que você encontrará nos sachês do KFC, Burger King, e obviamente: Bembos!

(Notem o "receta casera" que é utilizado na embalagem, característica amplamente explorada para seu marketing)



Por fim, fica a dica: se você quiser compreender como no Peru os maiores do mundo não conseguiram ser os maiores da nação, experimente um dia jantar em um Bembos, acompanhado de uma Inka Cola, muita AlaCena e todas as salsas de Aji!

(Quer saber que diabos são "Salsas de Aji"?? Fica o mistério, acompanhe os próximos posts e descobrirá. E não vale procurar no Google!)

E aos "grandes"... resta tentarem adaptar-se ao mercado local! (Para não dizer "plagiar".)


¡Y que viva el Perú, carajo!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Porque é um país que não pode ser descrito em poucas palavras!

Olá curiosos leitores! É com muita emoção (e um pouco de sono) que escrevo o primeiro post desse blog!

Bom, mas vamos começar com calma. Saibam, antes de tudo, por que nós estamos aqui:

Imaginem um cara que viajou para o Peru, e ficou lá por três meses. E ele não foi para Machu Picchu, nem pro lago Titicaca, nem para as linhas de Nazca ou qualquer outro lugar muito conhecido de lá. Porém, voltou completamente apaixonado pelo país!  Provavelmente, sua primeira pergunta para ele seria: "Mas o que você viu lá de tão bom?".  Se você é do tipo que faria essa  pergunta, então neste blog encontrará a resposta!

Sim, é necessário um blog, ou até mais para dizer todas as razões que fizeram esse cara (eu, claro! hehe) gostar tanto de lá. Você verá portanto, como é o país na prática: quais são os lugares que os moradores mais visitam (o que não inclui Machu Picchu), conhecer as mais fortes culturas (que em sua maioria, não são andinas), conhecer pessoas inteligentes e surpreendentes (que não são artistas), além do mais básico, como pratos (que figuram entre os melhores do mundo na alta culinária), danças (envolvendo lenços, velas e outras coisas muito improváveis) e baladas (super modernas e baratas).



 Enfim, não falarei muito disso:



Mas sim disso:



E não me dedicarei a falar só de pessoas assim:



Mas também de pessoas assim:



E nem destacarei apenas esses animais:



Mas também outros, como esse:



E antes de terminar, advirto que quase tudo que for postado aqui será a respeito da cidade de Lima, onde passei a maior parte do tempo. Outros lugares podem viver realidades bastante diferentes. À medida que encontre algo relacionado ao tema em outras cidades do Peru, colocarei nos próximos posts. Mas por hora, já recomendo este blog:

http://gaum-blogaum.blogspot.com/2009/11/ceed-em-arequipa.html

Que é de um amigo meu, e fala principalmente sobre a cidade de Arequipa, que fica (bem) mais ao sul.

Além disso, para os que ainda querem saber o mais básico sobre o Peru (que, embora não seja o destaque desse blog, é praticamente um pré-requisito) recomendo esse vídeo:





Muito obrigados a todos que se interessaram, espero vê-los denovo nas próximas atualizações, que a princípio ocorrerão duas vezes por semana!

¡Y que viva el Perú, carajo!